• Budapest •

The Pearl of the Danube

Daniela & Carlos

9/12/20248 min read

Budapeste foi a cidade europeia eleita para iniciar o nosso interrail, no verão de 2024. A capital da Hungria é a junção de Buda e Peste, duas partes divididas pelo rio Danúbio mas unidas por imponentes pontes. No lado oeste do rio ascende a altiva Buda, com colinas verdes, ruelas empedradas, um património histórico elegante, rico em monumentos e festivais sonantes. A leste do Danúbio figura a agitada Peste, o coração económico e comercial com uma grande variedade de restaurantes e bares, ideal para quem almeja alguma euforia frenética.

Aterrámos ao final do dia em Budapeste e na viagem de autocarro que faz a ligação do aeroporto com o centro da cidade, sabíamos que estávamos os dois com o mesmo pensamento: “Budapeste promete!”. Na caminhada para nos instalarmos no studio alugado em Peste, cada esplanada chamava por nós e como não somos de dizer que não a este tipo de convites, cedemos. Assim, o cair da noite foi passado a limar arestas do nosso roteiro, na companhia de uma soberba cerveja húngara.

Dia 1 - Buda

O primeiro dia do nosso roteiro foi inteiramente dedicado à alma serena da cidade, no lado de Buda. Atravessada a famosa Ponte das Correntes, encontrámos um dos pontos mais emblemáticos, a majestosa Colina do Castelo, uma parte integrante do Património Mundial da UNESCO, devido à sua arquitetura impressionante e importância cultural. Para lá chegar, muitos visitantes optam pelo histórico funicular Budavári Sikló, onde a viagem oferece vistas pitorescas, tornando-se uma experiência encantadora, além de prática. A nossa escolha recaiu na subida pela Escadaria Real, a partir da Praça Clark Ádám, na qual encontrámos a pedra do Quilómetro Zero.

A Colina do Castelo é famosa pelas suas vistas panorâmicas, de qualquer ponto pode obter-se uma visão deslumbrante de Peste, do Parlamento Húngaro e do Danúbio. No topo da colina ergue-se o imponente Castelo de Buda ou Palácio Real, esta fortaleza medieval é um símbolo de resistência, reconstruído várias vezes após guerras e invasões. Nos dias de hoje, o castelo reúne instituições culturais, nomeadamente o Museu de História de Budapeste, a Galeria Nacional Húngara e a Biblioteca Nacional Széchényi. Após a passagem pelo Pátio dos Leões, chegámos aos Terraços Savoyai onde se obtém uma vista de cortar a respiração sobre Peste. O redor do castelo é composto pela Fonte de Matias, a Porta Ferdinánd e a sua Estátua de Turul, ave de rapina mitológica localizada no portão de entrada do castelo, a Fonte das Crianças Pescadoras e a Estátua Equestre de Andras Hadik. Ao caminhar pelas ruas estreitas, mergulhámos no Distrito do Castelo, um bairro histórico com uma atmosfera medieval que ainda permeia a área. Um dos destaques é a Praça da Santíssima Trindade, dominada pela Coluna da Santíssima Trindade, um monumento erguido como oração pelo fim da peste. Outro destaque é a Igreja de Matias, uma verdadeira joia de Budapeste, com o seu impressionante design gótico e as suas vibrantes telhas de cerâmica, que representa a fusão da fé, da história e da arte ao longo dos séculos. Perto da igreja, encontra-se o Bastião dos Pescadores, com as suas sete torres que simbolizam as tribos fundadoras da Hungria. Estas torres conferem uma aparência de conto de fadas, com arcos e colunas que criam uma estética leve e encantadora. Um dos marcos importantes, dentro do complexo Bastião dos Pescadores, é a imponente Estátua do Rei Santo Estêvão, o primeiro rei da Hungria e responsável pela cristianização do país. O bastião, predominantemente feito de pedra branca calcária, que contrasta com o verde das árvores ao redor e o azul do céu, oferece terraços perfeitos para passeios tranquilos e sessões de fotografia. A sensação de estar acima da agitação da cidade, rodeado pela história, é incomparável.

Estava na hora de descer as escadarias do bastião e caminhar ao longo da margem de Buda, entre a Ponte das Correntes e a Ponte Margaret, onde se obtém a melhor vista do Parlamento Húngaro. Chegados à Ponte Margaret, arriscámos numa pausa verde, a Ilha Margaret. Esta ilha é uma relíquia no coração do Danúbio, com uma vasta área de jardins floridos, caminhos sombreados, atrações culturais e atividades desportivas, sendo um destino perfeito para todas as idades e interesses. Uma maneira popular de explorar todos os cantos e encantos da ilha é alugar no local bicicletas ou carrinhos elétricos. E enquanto o sol descia, embalados pela fonte que sincroniza os seus jatos de água com música - a Fonte Musical, terminávamos o nosso primeiro dia a apreciar a natureza no meio da cidade.

Dia 2 - Peste

Aos primeiros raios de sol, iniciámos o nosso segundo dia pelo oásis que arrebata toda a agitação de Peste, o Parque da Cidade Városliget, sendo um dos parques urbanos mais importantes e antigos de Budapeste. Este local é muito conhecido entre moradores e turistas e oferece uma grande variedade de atrações, tanto históricas quanto recreativas. Das mais populares, destacamos o pitoresco Castelo Vajdahunyad, o Banho Termal Széchenyi, um dos maiores e mais famosos complexos de banhos termais da Europa, o Zoológico e Jardim Botânico de Budapeste, o Grande Circo de Budapeste, sendo o único circo permanente da Europa Central e o Museu da Casa da Música Húngara, dedicado à educação musical. No centro do parque há um grande lago que oferece diferentes atividades, dependendo da estação do ano. Ao sairmos do parque deparámo-nos com a Praça dos Heróis, ladeada pelo Museu de Belas Artes e o Palácio da Arte. Seguimos pela Avenida Andrássy, considerada Património Mundial da UNESCO, sendo uma das mais icónicas e elegantes da cidade. Esta avenida é conhecida pela sua grandiosa arquitetura, pelas lojas de luxo, embaixadas e teatros, incluindo a majestosa Ópera Estatal Húngara, uma das melhores da Europa, tanto pela acústica quanto pela elegância dos interiores. Encontrámos ainda a Casa do Terror, que documenta os regimes fascista e comunista que ocuparam a Hungria, considerada uma experiência intensa, mas essencial para quem deseja entender o passado turbulento do país. Sob a avenida, corre a primeira linha de metro da Europa continental, a Linha M1 (Millennium Underground), que é também considerado um marco histórico.

Chegámos assim ao Parlamento Húngaro, o símbolo de Budapeste e um dos maiores parlamentos do mundo. Situado nas margens do rio Danúbio, o edifício é impressionante com as suas cúpulas, torres e fachadas detalhadas, não admirando que seja um dos locais mais visitados em Budapeste. Seguindo pelas margens do Danúbio, deparámo-nos com o Memorial dos Sapatos às Margens do Danúbio, dedicado às vítimas do Holocausto, um lembrete poderoso da resiliência e do espírito inquebrável da cidade e do seu povo. Entrámos na zona histórica de Peste, passando pela Praça da Liberdade, ponto central de eventos políticos e sociais que possui uma rica história e uma arquitetura notável, e pelo Palácio Gresham, de linhas curvas e detalhes florais, evocando uma época de opulência e elegância que atualmente funciona como o Four Seasons Hotel, fomos ao encontro da Basílica de Santo Estevão. A Basílica é uma das mais impressionantes e importantes igrejas de Budapeste e um dos principais pontos turísticos da cidade. Localizada na Praça Santo Estevão, é um símbolo significativo da herança religiosa e cultural da Hungria, destacando-se a sua cúpula, além da sua beleza estética, oferece uma vista panorâmica deslumbrante de Budapeste. Seguimos em direção à Praça Elizabete, que homenageia a Rainha Elizabete da Baviera, um local essencial para quem visita a cidade, seja para relaxar nos seus jardins, desfrutar da vista a partir da Roda Gigante ou participar em eventos culturais. Prosseguimos e fomos de encontro a uma artéria essencial de Budapeste, a Váci Utca. Esta rua pedonal proporciona uma experiência visual única, com edifícios históricos e fachadas elegantes que datam de diferentes períodos. É um verdadeiro paraíso para os amantes de compras, com uma combinação de lojas de marcas internacionais e boutiques locais, sendo também reconhecida pelos inúmeros restaurantes, cafés e esplanadas ideais para aproveitar a atmosfera vibrante. Conseguimos assim, explorar o lado mais cosmopolita e dinâmico da cidade. Com o cair da noite, o ambiente torna-se mais romântico e encantador, surgindo uma atmosfera mágica com as luzes a realçarem os monumentos. Assim, o nosso final de dia foi a contemplar a icónica Ponte das Correntes, uma das mais antigas e simbólicas da cidade, iluminada por uma série de luzes suaves que realçam a sua estrutura imponente de ferro e pedra, destacando os seus arcos majestosos e as enormes correntes que lhe dão nome.

Dia 3 – Despedida

No início do terceiro e último dia, rumámos em direção ao Mercado Central, o maior e mais antigo mercado coberto de Budapeste, onde podemos encontrar produtos frescos, especiarias e souvenirs típicos da Hungria. Este edifício histórico é um dos marcos mais vibrantes e autênticos da cidade, onde se pode explorar a gastronomia, o artesanato e a cultura local. O seu interior é espaçoso, com três andares amplos e uma estrutura de ferro que lhe confere um ar industrial e elegante ao mesmo tempo. Hora de atravessar a Ponte da Liberdade, uma das mais curtas sobre o Danúbio, mas também das mais fotogénicas. A sua distinta cor verde e os elementos decorativos, como as águias turul no topo dos pilares, tornam-na facilmente reconhecível, sendo sinónimo de elegância e simplicidade.

Como dica, se tiver umas horas extras no seu roteiro, aconselhamos visitar o Monte Gellért, uma colina que se eleva dramaticamente sobre o Danúbio. No cume, pode encontrar a Estátua da Liberdade, um símbolo de paz e esperança para a nação. O Monte Gellért, envolto em lendas, abriga os Banhos Gellért, um dos spas termais mais famosos da cidade, conhecidos pela arquitetura e pelas suas águas curativas.

Podemos afirmar que Budapeste desperta os sentidos, envolvendo-nos com a sua mistura única de história, cultura e beleza natural. Esta cidade é um diamante raro que brilha em camadas, quanto mais exploramos, mais nos cativa e nos faz apaixonar. A cidade é marcada por contrastes, onde o antigo encontra o moderno, o grandioso é harmonizado pelo simples, e as histórias de séculos passados ecoam pelas ruas, ainda vivas, ainda palpitantes. Nós adorámos.

Chegava o autocarro de partida e avizinhava-se uma nova aventura.